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Foto do escritorVerdeluz

O Povo: Litoral cearense atrai tartarugas em busca de comida

Data: 29/09/2013

Veículo: O POVO


O litoral cearense é um dos locais mais procurados pelas tartarugas marinhas em busca de alimentação, crescimento e descanso. Das sete espécies que existem no mundo, cinco passam por aqui: a cabeçuda, a de couro, a tartaruga verde, a de pente e a tartaruga oliva. Elas permanecem no mar de dois a três anos repondo as energias para retornar aos locais de desova em outros continentes, onde irão copular e depositar os ovos nas praias. 

Essencialmente migratórias, as tartarugas marinhas que chegam ao litoral cearense vêm da África, da América Central e de outros países da América do Sul. Fora do ambiente terrestre para a desova, elas viajam passivamente pelos oceanos em locais onde há proteção e alimentos. É pela grande quantidade de algas que elas são atraídas ao mar cearense, informa Eduardo Lima, coordenador regional do Projeto Tamar no Ceará. A tartaruga verde, ou aruanã, é a mais comum no Ceará. A espécie costuma habitar nas águas rasas onde há muita vegetação.

As tartarugas só deixam os locais de alimentação, crescimento e descanso para iniciar um novo ciclo de reprodução. Já bem nutridas e com mais peso, elas retornam às praias de origem para a cópula e a desova. As ilhas da África são os locais mais escolhidos para o depósito dos ovos. No Ceará, as desovas são esporádicas. “Aqui pode até ter sido local de muita desova no passado, mas a coleta exagerada dos ovos pode ter mudado este hábito”, avalia Eduardo.

Serviluz

Em Fortaleza, moradores relatam que a praia no bairro Serviluz serve de área de desova para tartarugas. Dos filhotes que nascem por lá, cerca de 5% conseguem vencer o caminho de 200 metros até o mar, estima Carlos Alexandre, coordenador da Associação Boca do Golfinho. Os obstáculos são o lixo e a grande faixa de areia quando a maré está seca. Cerca de 40 crianças costumam surfar na praia que leva o mesmo nome da associação. Segundo Alexandre, elas encontram os filhotes e tentam ajudá-los a chegar ao mar.

Os moradores também já encontraram tartarugas encalhadas. Em agosto, uma foi achada morta e media quase o tamanho da prancha de surfe: 1,80 metro. Os membros da associação contam com a orientação de biólogos ligados ao projeto Limpando o Mundo, que organiza mutirões de limpeza da praia uma vez por mês no bairro. No entanto, Alexandre afirma que é preciso um trabalho de capacitação para lidar com filhotes e com os indivíduos encalhados. Ele pede ajuda do projeto Tamar e diz que a Boca do Golfinho pode servir de base para a instituição na Capital.

De acordo com Eduardo Lima, o número de desovas em cinco anos de monitoramento na Capital não justifica uma ação intensa na região. Ele relata a dificuldade em abranger todo o litoral cearense, já que a base do projeto fica na praia de Almofala, a 190 quilômetros de Fortaleza. “O que podemos fazer, caso haja uma solicitação, é treinar os membros da associação para que apliquem os procedimentos quando encontrarem desovas, filhotes e tartarugas mortas na praia”, informou por email. (Thaís Brito)


Saiba mais

Nas comunidades próximas a Almofala, o Tamar incentiva as mulheres dos pescadores a complementar a renda familiar com atividades artesanais. O objetivo é gerar alternativas para o comércio da carne e do casco da tartaruga.

No Brasil, o projeto Tamar tem 19 bases de pesquisa e conservação de tartarugas marinhas. São 11 centros para visitação na costa marinha, desde o Ceará até Santa Catarina. O centro de Almofala recebe visitantes e grupos de alunos.

Na Associação Boca do Golfinho, no Serviluz, os moradores fazem trabalho de conscientização com as crianças, que aprendem a reciclar o lixo da praia no projeto Verde Luz.

Para capacitar as crianças da comunidade com aulas de inglês, de informática e capoeira, a associação conta com parceiros e doadores.


Serviço

Projeto Tamar

Telefone: (88) 3667 2020

Boca do Golfinho

Outras informações: 3263 7403 / 8715 0325

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